segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Você sabe se defender?

Você já parou para pensar que ficar esperando o ônibus para voltar para casa, após um dia de intenso trabalho, pode ser arriscado? Sirley Dias de Carvalho Pinto talvez não imaginasse o risco que corria, mas ficou conhecida, em todo o país, por ser vítima de uma agressão realizada, no último dia 23 de junho, por jovens moradores de luxuosos condomínios da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Os jovens foram detidos sob a acusação de tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte). Após algum tempo, o Brasil vai esquecer o que aconteceu, mas as marcas da violência ficarão no corpo e na lembrança da empregada doméstica.
Infelizmente, a agressão contra Sirley deixou de ser um caso isolado. Muitas mulheres são vítimas de algum tipo de violência nas ruas, nos ônibus e, até mesmo, dentro de suas próprias casas, quando são agredidas pelos maridos ou filhos.
Em parceria com a ONG Movimento do Bem, a Extrema Segurança realiza cursos de defesa pessoal para mulheres, em Ribeirão Preto. O curso, sem fins lucrativos, é oferecido para mulheres que participam das atividades da ONG e é ministrado por Dagomar Dib que, além de instrutor, é diretor da Extrema Segurança e comandante da Guarda Municipal de Serrana.
Dib conta que muitas mulheres se inscrevem para o curso, mas uma triagem é realizada antes da montagem da turma, para que seja possível oferecê-lo a pessoas carentes. Ele também explica que são ensinadas apenas noções básicas de segurança pessoal, como subir e descer do ônibus, andar na rua e se portar no carro. “A mulher sabe que, numa agressão que possa vir a sofrer, ela vai saber como se defender”.
Ao final do curso de defesa pessoal, as alunas são submetidas a um exame, em que precisam aplicar todas as técnicas que aprenderam. “A questão é pensar rápido”, ressalta Dib. O instrutor explica que não são ensinadas técnicas para serem aplicadas contra alguém que está utilizando uma arma, seja de fogo ou branca. As técnicas são apenas contra agressões físicas. “A partir do momento que a pessoa está portando uma arma, ela não tem nada a perder. Tanto faz puxar o gatilho ou não”, lembra.
Mas o projeto de defesa pessoal não pára por aí. Dib está desenvolvendo, há mais de um ano, uma cartilha para ser entregue, gratuitamente, nas portas das escolas públicas da cidade. Ele acredita que, hoje, as pessoas têm tantos problemas que esquecem de cuidar da própria segurança. “Alguns pais acabam esquecendo de falar para os filhos não aceitarem balas de estranhos e não pegarem carona”. O projeto contará com seis cartilhas diferentes, contendo instruções sobre como atender ao telefone, cuidados na porta da escola e como andar na rua. O pedido de autorização para entrega do material já foi feito. Agora aguardam uma resposta da Secretaria da Educação. A previsão de lançamento da cartilha para as crianças é no final do mês de agosto.


Matéria publicada na Revista Expressão - edição 118 (agosto/2007)