quarta-feira, 25 de julho de 2007

“Estamos recuperando o total controle da situação”. Será?

Um final de semana com rebeliões em mais de 70 presídios do Estado de São Paulo marcou o mês de maio, o ano de 2006 e a vida de milhares de pessoas.
Foi impressionante e aterrorizante ver a capacidade de organização de uma facção criminosa, que se autodenomina Primeiro Comando da Capital (PCC, para os íntimos). Por outro lado, foi revoltante perceber que estávamos tão despreparados. A polícia não estava pronta para agir, mas o então governador do Estado de São Paulo, Cláudio Lembo, insistia na frase: “Estamos recuperando o total controle da cidade e do Estado”.
O jornal O Estado de São Paulo, no dia 15 de maio, publicou a seguinte matéria: “A reação policial: 14 mortos em 24h”. Nela ficou claro que a cúpula da segurança pública do Estado de São Paulo interceptou ligações telefônicas feitas por presos. As ligações mostravam que o PCC planejava uma mega-rebelião, como a realizada em 2001, para o Dia das Mães.
Para impedir qualquer movimentação, na quinta-feira, dia 11 de maio, ficou decidido que era melhor isolar alguns dos mais perigosos ladrões e seqüestradores do Estado. Enquanto isso, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, um dos líderes do PCC, reivindicava 60 aparelhos de TV para que as pessoas pudessem assistir à Copa do Mundo e a liberação de visita no Dia das Mães. O governo de São Paulo se recusou a negociar.
Porém, na sexta-feira foi dada a ordem para o início das rebeliões. É aí que todo mundo se dá conta da falta de estrutura da segurança do País. Os maiores jornais do planeta noticiaram a vergonha pela qual todos nós, brasileiros, passamos naqueles dias.
Estamos vivendo num país em que a organização de facções criminosas é mais consistente que a do governo. Os presos fazem reivindicações, dão ordens e transformam nossas vidas em um verdadeiro caos. Enquanto isso, ficamos presos em nossas casas e em nossos medos, escutando nos noticiários da TV: “Estamos recuperando o total controle da situação”. Será?
Até hoje, dia 25 do mês de julho do ano 2007, nada foi controlado. Vivemos em um país em que não se pode esperar, tranqüilamente, um ônibus, para voltar para casa, depois de um dia de intenso trabalho. Não podemos caminhar nas ruas com segurança. Afinal, o perigo deixou de morar ao lado. Agora ele nos acompanha onde quer que seja.

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